Quando voltou do cabeleireiro com a franja cortada, tomou um banho, colocou uma roupa nova e foi até a casa da vizinha da frente se apresentar. Bateu palmas em frente ao portão e chamou:
- Moça! Moça!
A vizinha com quem brincava todos os dias gritou de dentro:
A vizinha com quem brincava todos os dias gritou de dentro:
- Entra!
Mas a menina com a franja cortada continuou na calçada, bateu palmas mais uma vez:
- Moça! Moça!
A amiga apareceu na janela:
- Entra. Não ouviu?
- Por favor, eu me mudei ontem de noite para esse rua e ainda não conheço ninguém, você querer ser minha amiga? Eu vim de outro país. Meu nome é Mary e o sua? Você sempre mora aqui?
A amiga não entendeu:
- Mary?!!!! De que é que você tá brincando?
- Não tô brincando! Você não me conhece, eu mudei ontem de noite, ninguém viu! Ver!
A amiga escorregou no sofá, sumindo na janela:
- Se quiser brincar, tô aqui no ventilador. Aí fora tá muito quente, minha mãe disse que faz mal, da dor de cabeça.
- Ok...
O disfarce não foi suficiente, uma decepção. Maria, a menina com a franja nova, esperava ganhar uma nova personalidade, esperava poder inventar um novo passado... Mas, a amiga nem sequer reparou no seu cabelo cortado. Sem saber o que fazer, Maria esperou um pouco do lado de fora. Com vergonha, voltou para casa e decidiu não brincar naquele dia.
No dia seguinte, a vizinha veio até ela. Chamou no portão e, como já era o costume, foi entrando pelo quintal:
- Maria, vamos brincar. Meu pai tá lá na escada, pegando jaboticaba.
Rapidamente, a menina da franja surgiu na janela:
- Ei, quem é você?! Como você entra assim na casa de quem não conhece?!